Depois do lançamento em Cuiabá, escritora e ilustradora Paty Wolff se prepara para lançar o novo livro, agora de literatura infanto-juvenil, “Azul Haiti”, na Livraria Miúda, em São Paulo (SP), neste sábado (5). A obra fala sobre imigração, resistência e memória.
De acordo com a escritora, Azul Haiti é “dedicado para as infâncias”. No livro, a autora narra a imigração haitiana para o Brasil através das memórias de uma mãe e o olhar esperançoso de uma criança.
Com ilustrações feitas em papelão, Azul Haiti retrata a fuga de um país devastado por desastres climáticos e condições socioeconômicas adversas, e a busca por uma nova vida.
Apesar da maternidade e da paternidade já serem algo frequente nas ilustrações de Paty, foi quando ela planejou a primeira gravidez que começou a desenhar ainda mais crianças e a pensar no universo infantil. Para ela, transformar temas fraturantes como a questão indígena e o racismo, por exemplo, em algo compreensível para crianças e adolescentes, se tornou uma constante.
“Essa questão da maternidade tem total influência no meu trabalho, desde antes da gravidez. Depois que tive o Léo, isso realmente floresceu. Apesar que sinto que floresceu, mas traz outros assuntos que, vira e mexe, tem outras questões. Veio uma fase de auto retratos, por exemplo, talvez isso seja uma busca pela minha identidade, que com a maternidade a gente perde, a gente não se vê mais como era e a gente nunca mais vai ser a mesma pessoa”.
Mesmo envolvida na produção de livros infantojuvenis, Paty reforça que os livros não são exclusivos para crianças e adolescentes, já que as narrativas conversam com todas as idades. Na próxima produção, a artista e escritora vai abordar a imigração haitiana sobre a visão de um menino que, apesar de ter nascido no Brasil, é um corpo estrangeiro que vaga pelas ruas enquanto a mãe trabalha como comerciante.
“O livro traz várias camadas, as imagens mostram que ela vai brincando pelas calçadas. Vai acontecendo uma coisa na imagem e no texto vai acontecendo outras coisas, é como se fosse oscilando. A inspiração é Cuiabá, é essa 13 de Junho que vivo todos os dias, que acaba sendo quase uma comunidade de imigrantes haitianos que estão vendendo, esse comércio ambulante. Eles já estão quase que confundidos na paisagem, meio que invisíveis”.
VIA I OLHAR DIRETO