Ana Carolina Guerra da Redação
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Republicano), afirmou nessa terça-feira (23), durante discurso na 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, que teve uma “química excelente” com o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo o republicano, os dois chegaram a se abraçar nos bastidores do evento e combinaram um encontro oficial para a próxima semana. Trump disse que, embora a conversa tenha durado apenas 20 segundos, foi suficiente para gerar uma boa impressão.
“Ele parecia um homem muito legal. Na verdade, ele gostava de mim e eu gostava dele. E eu só faço negócios com pessoas de quem gosto”, afirmou, acrescentando que o gesto foi “um bom sinal”.
O clima amistoso, no entanto, ocorreu em meio a um cenário de tensões diplomáticas e comerciais. Pouco antes, Lula havia usado seu discurso na ONU para reforçar a soberania brasileira e criticar sanções impostas pelo governo americano contra exportações e autoridades brasileiras, incluindo familiares de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Trump, por sua vez, acusou o Brasil de impor tarifas “injustas” no passado e anunciou a manutenção da sobretaxa de 50% sobre quase 10 mil produtos brasileiros. Segundo ele, os Estados Unidos estão “revidando com muita força” para proteger sua economia.
No púlpito da ONU, Lula defendeu que “a democracia e a soberania brasileira são inegociáveis” e repudiou qualquer ingerência externa em assuntos internos do país. O presidente também comentou a recente condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro, a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Para Lula, a decisão da Justiça brasileira mostra ao mundo que o país não negocia seus princípios democráticos.
“Diante dos olhos do mundo, o Brasil deu um recado a todos os candidatos a autocratas e àqueles que os apoiam: nossa democracia e nossa soberania são inegociáveis”, declarou.
Para mitigar os impactos do tarifaço americano, o governo brasileiro anunciou o Plano Brasil Soberano, que prevê R$ 40 bilhões em garantias e linhas de crédito a juros reduzidos por meio do BNDES e do Fundo Garantidor de Exportações (FGE). A medida tem o objetivo de socorrer setores produtivos afetados pela sobretaxa de 50% imposta pelos Estados Unidos.