Por Caroline Rodrigues
O Castelo da Caixa Furada nasceu de um sonho de criança e se transformou em um dos pontos mais pitorescos ao longo da BR-163, nos limites do município de Nobres, em Mato Grosso. Localizado no topo de um morro, o castelo — ainda inacabado — chama a atenção dos motoristas que trafegam pela rodovia, seja pelo seu topo que remete a construções medievais, seja pela parede feita com pedras locais em diferentes tons de marrom.
Formado por três andares, o castelo mantém o terceiro piso aberto à visitação. Os curiosos que passam por lá podem aproveitar a oportunidade para se aproximar da construção e saborear quitutes na cafeteria montada pelo filho do proprietário, Renan Araújo. Ele conta, sem hesitar, que o empreendimento já consumiu mais de R$ 3 milhões, investidos ao longo da vida de seu pai, atualmente em São Paulo realizando tratamento médico.
“Ele construiu este castelo para minha filha. Quando ela era pequena, sempre dizia que ali seria o castelo dela. Então, meu pai resolveu realizar esse sonho. Hoje ela já é uma jovem e mora em Diamantino, onde estuda”, explica.
Mesmo enfrentando dificuldades financeiras e a escassez de mão de obra, que impediram a conclusão da obra até hoje, o pai de Renan, Antônio Araújo, nunca desistiu. Por diversas vezes, ele mesmo talhou as pedras, retiradas da serra, manualmente, e assim conseguiu finalizar o espaço onde hoje funciona a cafeteria.
Agora, sob a gestão do filho, os projetos continuam. A família pretende instalar um restaurante no primeiro piso e uma pousada no segundo. Assim, os visitantes que aparecem por lá, muitas vezes invadindo a propriedade para tirar fotos ou bisbilhotar, poderão se tornar clientes. Afinal, o que não faltam são histórias e causos sobre o local.
“Quando chegamos aqui, havia restos de construção ao fundo. Encontramos moedas, pequenos artefatos e uma santa derretida. Com o tempo, muitos desses objetos foram saqueados, mas acreditamos que eram vestígios da batalha entre Cuiabá e Diamantino”, relata Renan Araújo.
O conflito ao qual ele se refere teria ocorrido em 1901, motivado pela extração de ouro e diamantes. Por conta de desentendimentos sobre a divisão dos lucros, tropas de Cuiabá teriam avançado contra Diamantino. Um dos integrantes da resistência diamantinense teria permanecido na serra com a missão de tocar uma caixa (instrumento de percussão) assim que avistasse o exército rival.
E assim aconteceu.
Quando os cuiabanos se aproximaram, o soldado, posicionado estrategicamente no alto da serra, começou a tocar a caixa sem parar. O som alertou seus companheiros, mas ele acabou morto.
A única coisa que restou do ato de heroísmo foi a caixa perfurada por tiros, que deu nome à serra.
Sejam bem-vindos – O local está aberto à visitação. É cobrada uma taxa de R$ 50 por carro, valor que pode ser revertido em consumação na cafeteria. Ou seja, quem aproveitar o momento para fazer um lanche não paga entrada.O movimento é mais intenso nas manhãs de sexta-feira, sábado e domingo, e o prato mais solicitado é o pastel, frito na hora.