A medida, que repercutiu amplamente nas redes sociais, foi determinada por ordem judicial. A suspensão está vinculada a uma investigação conduzida pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB), que apura denúncias de possível exploração de menores em conteúdos produzidos por Hytalo.
Ambos influenciadores acumulavam milhões de seguidores. Kamylinha tinha aproximadamente 11 milhões de fãs na plataforma, enquanto Hytalo ultrapassava a marca de 17 milhões. A retirada das contas do ar surpreendeu os seguidores e gerou uma série de reações online, com hashtags relacionadas ao caso circulando com força, principalmente no X (antigo Twitter).
As acusações contra Hytalo Santos e sua equipe ganharam notoriedade após denúncias públicas feitas por outros influenciadores, como Felca e Izabelly Vidal. Felca, que possui cerca de 13 milhões de seguidores, foi um dos primeiros a denunciar publicamente o conteúdo de Hytalo, classificando-o como “nefasto” e afirmando que havia sexualização de adolescentes e apelo a um público inadequado. Destacou o caso de Kamylinha, que começou a aparecer nos vídeos de Hytalo aos 12 anos, como exemplo central da gravidade da situação.
O MPPB, que investiga o caso desde dezembro de 2024, apura supostos crimes de exploração infantil, incluindo a criação de vídeos com adolescentes em situações consideradas adultizadas e inapropriadas. Segundo os relatos, há registros de menores em ambientes com bebidas alcoólicas, danças sugestivas e intimidade física, o que levantou sérios questionamentos sobre os limites éticos e legais da atuação de Hytalo.
A relação entre o influenciador e os jovens da “Turma do Hytalo”, grupo composto por adolescentes como Kamylinha, Andyn e Danny Moraes, também está sendo investigada. Parte dos membros do grupo foi emancipada ainda na adolescência, como foi o caso de Kamylinha, que aos 16 anos recebeu autonomia legal com apoio de Hytalo. Muitos desses jovens vêm de contextos de vulnerabilidade social e recebem apoio financeiro do youtuber, o que alimenta o debate sobre possíveis relações de dependência e manipulação emocional.
Hytalo se manifestou em outras plataformas após a desativação de sua conta no Instagram, alegando que a suspensão teria ocorrido devido a uma falha técnica na atualização da plataforma e não por determinação judicial. Ele informou que já acionou sua equipe jurídica para reverter o bloqueio e manter sua presença digital ativa. Kamylinha, até o momento, não se pronunciou publicamente sobre o ocorrido.
No entanto, fontes oficiais apontam que a decisão partiu de ordem judicial, com base em elementos apresentados durante a investigação. A promotora Ana Maria França e o promotor João Arlindo, do MPPB, estão ouvindo adolescentes da turma e seus responsáveis legais para apurar a conduta de Hytalo, incluindo o possível consentimento dos pais, que também estão sendo analisados quanto à omissão na proteção dos filhos.
Além das denúncias feitas por Felca, a influenciadora Izabelly Vidal também criticou Hytalo, afirmando que o criador de conteúdo estimulava comportamentos inadequados entre os adolescentes. As denúncias apontam ainda que parte do público de Hytalo seria composta por homens adultos que, segundo os críticos, não estariam interessados nos vídeos pelas “dinâmicas divertidas”, mas sim pela sexualização dos menores de idade.
O histórico de Hytalo inclui outras polêmicas. Em 2020, ele teve um perfil no Instagram com mais de 580 mil seguidores desativado, também sob suspeitas de violação das diretrizes da plataforma. Na ocasião, ele atribuiu a perda à “cultura do cancelamento” e retomou sua carreira após reativar novos perfis.
A suspensão atual, porém, representa um golpe mais duro, pois está ligada a investigações formais e denúncias que envolvem não apenas questões morais, mas também possíveis crimes previstos em lei. O conteúdo publicado por Hytalo, como vídeos de adolescentes em festas, consumo de álcool e danças com apelo sensual, foi amplamente questionado por especialistas e ativistas da proteção à infância. A repercussão levou ao uso intenso de hashtags como #HytaloSantos, com opiniões divididas entre defesa e repúdio ao influenciador.
O bloqueio das contas impacta diretamente a visibilidade da “Turma do Hytalo” e a carreira de seus integrantes, especialmente Kamylinha, que tem estado no centro da atenção pública. Em 2025, a jovem já havia enfrentado outra situação delicada ao anunciar uma gravidez e, pouco tempo depois, comunicar a perda do bebê. O caso reacendeu os debates sobre a exposição de menores nas redes sociais e o papel das plataformas digitais no monitoramento de conteúdos potencialmente prejudiciais.
Do ponto de vista legal, o MPPB instaurou um inquérito policial e um procedimento administrativo para apurar as responsabilidades de Hytalo e dos pais dos jovens envolvidos. Hytalo, por sua vez, nega todas as acusações e afirma que sempre agiu com consentimento das famílias e dentro da legalidade. Sua equipe jurídica trabalha para reverter o bloqueio e dar continuidade às atividades nas redes.
Especialistas em direito digital e proteção à infância defendem que o caso seja tratado como exemplo de urgência na regulamentação do trabalho de influenciadores mirins e da necessidade de regras mais rígidas para o uso de redes sociais por menores de idade. Também cobram das plataformas, como o Instagram, uma atuação mais eficaz na remoção de conteúdos que coloquem em risco o bem-estar de adolescentes.
Enquanto isso, o futuro dos envolvidos permanece incerto. A depender dos desdobramentos da investigação, Hytalo Santos e Kamylinha poderão enfrentar consequências legais e restrições severas em suas carreiras digitais. O caso segue em destaque na mídia nacional, com ampla cobertura de portais como Estadão e Terra, e deverá continuar repercutindo nas próximas semanas.