Redação
Em 1997, Ricardo Alexandre dos Santos foi acusado injustamente de matar o próprio amigo, Marcelo Lopes da Silva. Ele carregou o peso de um crime que não cometeu por 28 anos até que, após ser preso novamente neste ano, a suposta vítima apareceu viva em uma audiência da Justiça de Alagoas. Com a comprovação da inocência, Ricardo foi absolvido sumariamente e o processo foi encerrado.
A situação, que se arrastou por quase três décadas, foi solucionada no último mês de setembro, em audiência conduzida pelo juiz José Eduardo Nobre Carlos, da 8ª Vara Criminal de Maceió. Na decisão, à qual o Terra teve acesso, consta que um corpo chegou a ser reconhecido como o de Marcelo ainda nos anos 1990 — erro que sustentou o processo por anos. A reaparição da suposta vítima, no entanto, confirmou que houve um “erro grave” no reconhecimento do cadáver.
Ricardo relatou o caso em entrevista ao programa Domingo Espetacular, exibido no início de outubro. Segundo ele, tudo começou quando, em 28 de julho de 1997, saiu para uma festa com Marcelo, que na época era seu amigo. Após o evento, Marcelo decidiu ir trabalhar no corte de cana em Pernambuco sem avisar a família. Como não deu mais notícias, os parentes acreditaram que ele tivesse sido morto.
Dias depois, um corpo encontrado como indigente foi identificado pela família como sendo o de Marcelo, e Ricardo passou a ser o principal suspeito do suposto homicídio. Ele chegou a ficar preso por cerca de dois meses, até que o próprio Marcelo soube da situação e retornou a Maceió para inocentá-lo.
Apesar disso, o erro nunca foi oficialmente corrigido nos registros da Justiça. Assim, Ricardo continuou sendo tratado como foragido, mesmo levando uma vida normal. Em agosto deste ano, ele foi novamente detido pelo mesmo crime.
Durante a audiência de custódia, o juiz determinou uma nova investigação para apurar se Marcelo estava realmente vivo. Em setembro, o amigo participou de uma sessão da Justiça por videochamada, provando que estava bem.
“Graças a Deus não aconteceu nada comigo, não. Estou vivinho da silva aqui”, afirmou Marcelo às autoridades. Ele também declarou que nunca teve desentendimentos com Ricardo.
Com a verdade restabelecida, Ricardo foi finalmente absolvido. Agora, ele espera ser indenizado pelo erro judicial que o fez carregar, por quase três décadas, a marca de um crime que nunca cometeu.
A reportagem acionou a Secretaria de Estado da Segurança Pública de Alagoas para comentar o caso, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto e será atualizado em caso de retorno.

