A nova safra de grãos dos Estados Unidos começa sob um duplo sinal de alerta: a escalada da guerra comercial liderada por Donald Trump e as incertezas climáticas que afetam o coração agrícola do país. No último sábado (05), entrou em vigor o novo pacote de tarifas norte-americano — um tarifaço que atingiu 57 países e redesenhou rotas do comércio global, inclusive agrícolas. Até regiões remotas, como ilhas povoadas por pinguins, foram impactadas, ilustrando o alcance das medidas.
A ofensiva tarifária tensiona ainda mais a relação com grandes parceiros comerciais, especialmente a China. Esse cenário já impõe reações no mercado internacional, com impacto direto na competitividade dos grãos americanos e potencial abertura de oportunidades para o Brasil, especialmente em commodities como soja, milho e carne.
Enquanto o mundo digere as consequências políticas e econômicas, os agricultores dos EUA avançam com o plantio. Segundo o USDA, 2% da área de milho já foi semeada, mesmo índice do ano passado, com destaque para o Texas, que já atingiu 59% da área plantada. Porém, os demais estados — responsáveis por 92% da produção — seguem em ritmo lento.
Mais do que o progresso inicial, o grande fator de atenção agora é o clima. A primavera americana vem sendo marcada por extremos: inundações severas em regiões como Arkansas e Kentucky (mais de 250 mm de chuva em cinco dias), enquanto áreas cruciais como Iowa, Illinois e Minnesota enfrentam uma preocupante escassez de umidade. A previsão para os próximos dias indica mais instabilidade — chuvas acima da média no oeste e precipitações regulares no centro, o que pode tanto ajudar quanto atrapalhar o calendário agrícola.
Esse cenário reforça a importância do chamado “weather market”, ou mercado climático, que deve ganhar força nas próximas semanas. Com os preços diretamente atrelados ao desempenho das lavouras, o clima se torna peça-chave para os rumos do mercado global.
Apesar das tarifas, as exportações de milho dos EUA seguem firmes: 35,5 milhões de toneladas embarcadas até agora — 30% a mais que no mesmo período do ano passado. Isso indica que, ao contrário da soja, o milho ainda mantém forte competitividade. A soja, mais dependente de acordos bilaterais, sente mais fortemente os efeitos do novo protecionismo americano.
Para Isan Rezende, presidente do Instituto do Agronegócio, o momento é de risco e oportunidade. Ele destaca que o produtor brasileiro precisa estar atento às atualizações do clima no Meio-Oeste americano e aos desdobramentos da guerra comercial. Ambos serão determinantes para os preços e para a reconfiguração do comércio global.
“O tarifaço dos EUA rompe cadeias de fornecimento e abre espaço para o Brasil conquistar novos mercados. O produtor deve agir com estratégia. A demanda global por alimentos segue sólida, e o país tem potencial para fortalecer sua posição como fornecedor seguro e competitivo”, afirma Rezende.
Mesmo com um início promissor nos campos americanos, o fator climático é o verdadeiro coringa desta safra. E, nesse jogo geopolítico, quem estiver mais atento e preparado terá vantagem. Para o agronegócio brasileiro, trata-se de um momento decisivo — de adaptação rápida, visão comercial aguçada e aproveitamento inteligente de oportunidades.
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🎥: Fonte | paranatinganews