Ana Carolina Guerra | Redação
A recente formalização da Federação União Progressistas — união entre os partidos União Brasil e PP — consolidou um novo bloco de força no Congresso Nacional. Com uma base expressiva composta por 109 deputados federais, 14 senadores, seis governadores e mais de mil prefeitos em todo o país, a federação surge como uma alternativa de centro ao radicalismo político, já mirando a eleição presidencial de 2026. Para o deputado estadual Júlio Campos (União Brasil), trata-se de um passo relevante rumo à construção de uma terceira via viável, tanto no plano nacional quanto nos estados.
Em Mato Grosso, o cenário político se desenha com nuances próprias. A relação entre os grupos que integram União Brasil e PP no estado é histórica, segundo o parlamentar, marcada por alianças consolidadas em eleições passadas. Apesar disso, o ambiente já dá sinais de tensão devido à movimentação de nomes para a disputa ao governo estadual em 2026. O governador Mauro Mendes tem demonstrado certo distanciamento do grupo liderado pelos Campos, o que levanta dúvidas sobre a unidade da nova federação no estado.
O deputado Júlio Campos destaca que, apesar das possíveis divergências em outras regiões do país, a convivência entre União Brasil e PP em Mato Grosso não tem
enfrentado obstáculos. O grupo que hoje representa o PP, com nomes como Blairo Maggi, Cidinho Santos e Paulo Araújo, mantém alinhamento político com os Campos desde eleições anteriores, como nas campanhas de Pedro Taques e do próprio Mauro Mendes. A discussão sobre candidaturas para o próximo pleito estadual, no entanto, deverá ser retomada somente em março, durante a janela partidária — período que definirá os rumos da federação no estado.
“O importante é que não haja exclusões, nem grupos sendo expurgados. Se houver diálogo e respeito, seguimos juntos. Do contrário, tomaremos outros rumos”, afirmou Júlio Campos. O parlamentar enfatizou que o grupo político que representa — incluindo nomes como Jayme Campos, Eduardo Botelho, Dilmar Dal Bosco, coronel Assis, além de dezenas de prefeitos e centenas de vereadores — não aceitará ser “tratorado” por nenhuma liderança, incluindo Mauro Mendes, Otaviano Pivetta ou Fábio Garcia.
Quanto a possíveis candidaturas, Júlio Campos não descarta o nome de Jayme Campos como pré-candidato ao governo, seja pela federação União Brasil-PP ou por outro
arranjo partidário. Ele também menciona a possibilidade de o atual vice-governador, Otaviano Pivetta, disputar a vaga, desde que haja um entendimento político claro. Segundo o deputado, a base aliada mantém interlocução também com o MDB e outros pequenos partidos, além de contar com bom relacionamento com o grupo do senador Wellington Fagundes, provável nome do PL na disputa.
Sobre as relações políticas, nesta última terça-feira (29), o vice-governador Otaviano Pivetta realizou uma visita a Várzea Grande, sem aviso ou convite a outras lideranças
políticas da cidade. Com sua vasta experiência no município, Júlio Campos ressaltou que a visita foi bem-vinda e não a encarou de forma negativa. Aproveitou ainda o momento para pedir apoio na instalação da nova sede da Câmara de Vereadores.
”A visita é bem-vinda. Várzea Grande é terra de todos, e, se ele puder ajudar na nova sede da Câmara, melhor ainda”, afirmou. Júlio também lembrou que o prédio do Fórum — para onde a Câmara será transferida — foi construído em sua gestão como governador, em 1983, e destacou a importância de melhorias estruturais para o segundo maior colégio eleitoral de Mato Grosso.
Apesar das enchentes recentes e da ausência de algumas autoridades nos locais afetados, Júlio elogiou a atuação da prefeita Flávia Moretti, que esteve presente e ofereceu suporte imediato aos desabrigados. Para ele, a região ainda exige investimentos em saneamento básico, especialmente em áreas historicamente vulneráveis a alagamentos, como o entorno da Lagoa do Jacaré. O deputado reforçou que, mesmo em meio à movimentação política, o grupo permanece atento às demandas da população.