Ana Carolina Guerra da Redação
Em entrevista concedida após uma série de episódios polêmicos envolvendo o prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini (PL), o vereador Daniel Monteiro se posicionou sobre diversos temas da política local e nacional, com destaque para o episódio em que o prefeito interrompeu publicamente uma professora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) durante um evento de saúde. O motivo da abordagem foi o uso do pronome neutro “todes”, prática comum em setores ligados ao movimento LGBTQIA+ e à militância progressista.
Daniel Monteiro minimizou a relevância do episódio, considerando-o um “assunto pequeno” diante dos desafios reais enfrentados pelo município, mas, aproveitou para expressar sua posição clara contra o uso da linguagem neutra, que, segundo ele, não tem respaldo na estrutura da língua portuguesa.
“A Academia Brasileira de Letras é quem tem competência para alterar as normas da língua. Eu sou contra a linguagem neutra porque, do ponto de vista do latim, não faz sentido”, afirmou.
No entanto, o vereador foi categórico ao defender a liberdade de expressão e criticou a postura do prefeito durante o episódio: “Jamais faria o que ele fez. Se estivesse incomodado, chamaria a pessoa de lado e conversaria. Não se resolve nada interrompendo uma fala em público. Inclusão se faz com políticas públicas reais, com sensibilidade social e com diálogo. A linguagem neutra, do jeito que tem sido usada, tem criado mais rachaduras do que pontes.”
O vereador também aproveitou a ocasião para fazer uma análise mais ampla da crise institucional que atravessa o país, abordando temas como o inquérito das fake news, a prisão preventiva de Jair Bolsonaro e o papel do Supremo Tribunal Federal. Monteiro, que é advogado, defendeu que o ministro Alexandre de Moraes, em diversas ocasiões, teria extrapolado os limites de sua competência ao agir de ofício e ao ampliar prerrogativas do STF sem respaldo legal claro.
Além disso, o mesmo demonstra preocupação com a radicalização e sugeriu que está surgindo uma nova direita mais moderada no país, personificada em nomes como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que, segundo ele, representa um perfil mais técnico e menos pautado por guerras ideológicas. “O Brasil precisa parar de discutir costumes e começar a discutir economia e infraestrutura”, finalizou.