Cerca de 200 máquinas agrícolas bloquearam as principais vias da cidade nesta semana em uma mobilização massiva de produtores rurais do semiárido nordestino. O tratoraço, realizado por agricultores da região da Sealba — zona agrícola que compreende partes da Bahia, Sergipe e Alagoas — escancarou o descontentamento com as recentes alterações no Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), que ameaçam diretamente a viabilidade da produção de milho no Nordeste.
O alvo da revolta: mudanças técnicas, efeitos drásticos
A principal crítica dos produtores recai sobre o novo modelo do Proagro. A alíquota do seguro rural, antes estabelecida em 8%, passou a atingir patamares de até 23%, tornando-se inviável para pequenos e médios agricultores. Paralelamente, a cobertura do seguro foi drasticamente reduzida para municípios com risco climático superior a 40%. Nesses casos, o valor segurado foi limitado a 50%, com aplicação de redutores que, segundo os manifestantes, desconsideram a realidade climática e produtiva da região.
Limitações territoriais comprometem modelo produtivo regional
A nova exigência de que uma apólice de seguro cubra apenas terras dentro de um único município inviabiliza a prática comum de arrendamento de áreas vizinhas, fundamental para o modelo produtivo do Sealba. A medida, considerada tecnicamente incoerente pelos produtores, fere a lógica operacional das propriedades rurais da região, que são forçadas a diversificar suas áreas de cultivo para manter a produtividade frente à irregularidade climática.
Corte no teto do seguro agrava vulnerabilidade econômica
Outro ponto de atrito foi a redução do limite de contratação do Proagro tradicional — de R$ 335 mil para R$ 270 mil. O corte no teto de cobertura representa, na avaliação dos organizadores do protesto, um passo atrás na política agrícola voltada ao semiárido, especialmente num momento de escalada de custos de insumos, maquinário e logística.
Impacto direto: colapso no milho e risco social
A região do Sealba cultiva aproximadamente 300 mil hectares de milho por ano. Com os novos parâmetros do Proagro, estimativas locais apontam para uma redução de até 50% na área plantada já neste ciclo. Agricultores alertam para um cenário de endividamento em cadeia, abandono de lavouras e recessão rural — com prejuízos econômicos de grande escala e forte impacto social para milhares de famílias que dependem da cultura do milho para subsistência e renda.
Mobilização regional e cobrança por revisão imediata
Além de Adustina, participaram da manifestação produtores de 13 municípios da Bahia e de Sergipe. A mobilização unificada buscou pressionar o governo federal e os órgãos responsáveis pela formulação da política agrícola nacional. A principal exigência: revisão urgente das regras do Proagro e elaboração de políticas públicas que reconheçam a singularidade produtiva e climática do Nordeste, sem penalizar quem sustenta a base alimentar do país em condições adversas.
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🎥: Fonte | paranatinganews