Ana Carolina Guerra da Redação
O Centro Universitário de Várzea Grande (Univag), uma das universidades mais caras do país, vem sendo alvo de críticas e denúncias dos estudantes de medicina. De acordo com os acadêmicos, a situação da sala de descanso no Pronto-Socorro Municipal de Várzea Grande (PSMVG), se encontra em estado de alerta. O local é utilizado para plantões de internato. A mensalidade do curso, que chega a R$ 15 mil, contrasta com as condições degradantes do local destinado ao repouso dos estudantes.
De acordo com os relatos, o ambiente apresenta sérios problemas de infraestrutura e higiene, como ventilação insuficiente, infiltrações com mofo, e um ar-condicionado que há meses deixou de funcionar adequadamente. Uma das alunas, que preferiu não se identificar, descreveu o espaço como insuportavelmente abafado.
As más condições têm afetado diretamente a saúde dos internos. Uma estudante afirmou ter tido uma crise alérgica devido ao mofo acumulado no ambiente e precisou usar medicamento antialérgico pela primeira vez após tentar descansar no local durante seu horário de almoço.
Além da precariedade na ventilação, há relatos sobre a qualidade da água no bebedouro da sala. Em mensagens trocadas entre os estudantes, um deles alertou os colegas após retirarem uma substância escura da saída de água do aparelho, recomendando que ninguém o utilizasse.
A sala, que deveria servir como espaço de descanso durante os exaustivos plantões de 12 horas, é a única disponível para os estudantes de Medicina no hospital e, segundo os relatos, é utilizada por alunos de todos os ciclos da graduação, desde as disciplinas básicas até áreas específicas como pediatria, ortopedia e emergência.
A estrutura também carece de equipamentos essenciais. Não há micro-ondas para aquecer alimentos, obrigando os estudantes a recorrerem aos profissionais do hospital para utilizar aparelhos em outras áreas, ou até mesmo saírem do local para se alimentar. Eles também não têm acesso à alimentação oferecida aos servidores do hospital.
Apesar de a instituição ter sinalizado planos para reformar o ambiente, os alunos afirmam que não há prazo definido para que as melhorias saiam do papel. Segundo uma funcionária da limpeza, um técnico já teria informado que apenas a troca completa do ar-condicionado resolveria o problema, mas a universidade estaria relutante em custear a substituição.
Em um print de troca de mensagens é possível ver os internos reclamando sobre as condições e alertando outros alunos a não consumirem a água do bebedouro, após encontrarem algo suspeito.

Diante do alto investimento financeiro exigido para cursar Medicina no Univag, os estudantes cobram providências imediatas e consideram inaceitável a negligência com um espaço fundamental para a preservação da saúde física e mental dos futuros profissionais da saúde.
OUTRO LADO:
Diante da repercussão negativa, a Secretaria Municipal de Saúde de Várzea Grande emitiu uma nota para a imprensa. Veja a nota na íntegra:
A Secretaria Municipal de Saúde de Várzea Grande informa que o Pronto-Socorro Municipal é uma unidade com 37 anos de funcionamento e apresenta desafios estruturais, como infiltrações e necessidade de reforma do telhado. Já estamos em diálogo com o Governo do Estado, que se comprometeu com o repasse de recursos para viabilizar essa reforma. Em relação ao espaço de descanso dos estagiários do curso de Medicina da Univag, é de conhecimento da instituição de ensino o problema estrutural do Pronto-Socorro. Uma equipe da Univag já verificou o local e vão pintar a sala, agora que o período da chuva passou. Esclarecemos ainda que o uso de micro-ondas em salas de repouso hospitalares é proibido por normas sanitárias, sendo permitido apenas em áreas apropriadas, como a cozinha do hospital. O centro universitário se manifestou afirmando que os problemas no telhado é devido às chuvas intensas do início do ano, mas que uma reforma está programada. O prazo para iniciar e terminar a obra não foi informado. Confira a nota na íntegra: Devido às chuvas intensas do início do ano, o telhado apresentou problemas, afetando o local. No entanto, a reforma da sala já está programada para este semestre, apenas aguardando as correções no telhado. O Univag está sempre comprometido com a qualidade e excelência no atendimento na área da saúde.

