O fundo do mar abriga uma diversidade infinita de seres vivos, distribuídos em uma variedade de ecossistemas. A vastidão e dificuldade de acesso do fundo do mar sempre mantiveram diversas espécies de animais e plantas ocultas da exploração humana, mas isso está aos poucos mudando. Uma centena de espécies desconhecidas A mais recente expedição marítima nas águas do Pacífico Ocidental pode marcar um ponto de virada para futuras pesquisas. A Ocean Sensus divulgou que uma equipe de pesquisadores estima ter descoberto cerca de 100 novas espécies. Segundo informações divulgadas recentemente, a equipe retornou ao porto com aproximadamente 1.800 amostras. A análise dessas amostras requer algumas semanas de trabalho adicional, mas a equipe já revelou descobertas interessantes. Uma delas é um tipo de pepino-do-mar com membros chamado de ‘porco-marinho’, uma nova espécie de peixe e possivelmente um novo gênero de octocoral. O diretor científico do Ocean Sensus, Alex Rogers, falou sobre as novas descobertas: “Parece que temos um grande número de espécies novas e desconhecidas. Quando todos os nossos exemplares forem examinados, teremos mais de 100 novas espécies.Mas o que realmente me surpreendeu aqui é o fato de isso se estender a animais como os peixes (achamos que temos três novas espécies deles)”, revela o cientista. Os pesquisadores exploraram a região conhecida como Bounty Trough, uma depressão parte do continente submerso da Zelândia, situada na costa leste da Ilha Sul da Nova Zelândia. A expedição adentrou o fundo dessa extensa área subaquática, que se estende por 800 quilômetros. A equipe coletou amostras a uma profundidade de 4.800 metros. Durante três semanas, os pesquisadores estiveram a bordo do RV Tangaroa, a embarcação oceanográfica do Instituto Nacional de Pesquisa da Água e Atmosfera (NIWA). Agora, o próximo passo é descrever e classificar taxonomicamente as espécies descobertas. ‘Porco-do-mar’: criatura marinha descoberta pelo NIWA – Foto: Ocean Sensus/NIWA/Reprodução Vasta diversidade biológica A equipe notou a grande diversidade de espécimes capturados, que incluem peixes, caracóis e pepinos-do-mar (como os porcos-do-mar). Os líderes da expedição ressaltam que as descobertas podem contribuir para o catálogo da biodiversidade marinha de Aotearoa (o nome maori para a Nova Zelândia). O Relatório de Biodiversidade da Biota Marinha da NIWA, publicação que já inclui 18.494 espécies, é uma referência nesse sentido. Sadie Mills, que coliderou a expedição com Rogers, também comentou sobre a expedição: “Esta colaboração não só adicionará novas espécies ao nosso inventário recentemente publicado da biodiversidade marinha da Nova Zelândia, mas também melhorará nossa compreensão dos habitats do fundo do mar e da distribuição geográfica e profundidade de espécies raras”, afirma. Espécies inéditas, gêneros desconhecidos Além de identificar potencialmente centenas de novas espécies, a equipe da expedição acredita ter encontrado um animal que poderá ser classificado em um novo gênero em sua classificação taxonômica. É importante ressaltar que, na hierarquia da taxonomia, o gênero está abaixo da família e acima da espécie. Segundo Michela Mitchell, especialista em taxonomia, a equipe considerou inicialmente que a criatura poderia ser uma estrela-do-mar, uma anêmona ou um zoanthar, porém, não parece ter semelhança com nenhum destes. A hipótese principal agora é que seja um octocoral (Octocorallia) de um gênero ainda não identificado. Parte das espécies descobertas durante a expedição – Foto: Ocean Sensus/Reprodução Cem por cem Esta é segunda vez em apenas um mês que um navio oceanográfico retorna ao porto com a descoberta de um número significativo de novas espécies. Há semelhanças entre essas duas descobertas, como a colaboração com o Ocean Census, um projeto dedicado à pesquisa e catalogação da biodiversidade marinha, e ambos os achados ocorrerem no Pacífico. Existem também contrastes: em termos de localização, a primeira descoberta foi feita no Pacífico Oriental, próximo à costa andina da América do Sul. Em relação aos métodos, o primeiro estudo concentrou-se na observação do ecossistema por meio de um submarino não tripulado, além da captura de espécimes, o que facilitou seu estudo e classificação. Com informações de IGN.