Os jogos online de apostas se tornaram muito populares nos últimos anos, principalmente pelo fácil acesso, que geralmente ocorre através do celular, e pelos valores baixos que podem ser apostados, já que na grande maioria dos casos é possível realizar apostas a partir de R$1. Isso chamou a atenção de beneficiários do novo Programa Bolsa Família, que são pessoas vulneráveis que veem nestes jogos uma oportunidade para mudar de vida. Recentemente, uma pesquisa publicada pelo jornal Folha de São Paulo revelou que 17% dos beneficiários do novo programa de transferência de renda do governo federal afirma que já apostou ou ainda aposta nestes jogos, percentual um pouco maior do que a média dos brasileiros de forma geral, que é de 15%. A maioria desses jogadores são homens e o recorte por faixa de idade revela que os jovens são os mais adeptos. Ainda segundo a pesquisa, um terço dos apostadores que afirmaram que recebem o benefício social revelaram que gastam mais de R$100 ao mês com as apostas, e o número sobe para seis em cada dez entre os que dizem gastar mais de R$50 ao mês. Já entre os apostadores que não são beneficiários, somente quatro em cada dez diz gastar acima de R$50 mensais com os jogos de apostas online. Bolsa Família cortado para quem participar de jogos de apostas? Todos estes dados apontam que as apostas estão muito populares entre os beneficiários do novo Programa Bolsa Família, e que há uma vontade ainda maior de ganhar entre as famílias vulneráveis do que no restante dos brasileiros, o que explicaria o maior número de apostas. Afinal, são famílias que enfrentam sérios problemas relacionados a falta de recursos financeiros, e que portanto, são facilmente convencidas de que podem ganhar. No entanto, a discussão que se levantou após a divulgação dos dados diz respeito a permissão da utilização dos recursos financeiros repassados pelo programa social para a realização de apostas, e se este ato deveria ou não provocar bloqueios ou cancelamentos. Desde então, muitos beneficiários do Bolsa Família buscam saber se podem perder o benefício por conta dos jogos de apostas online. Sendo assim, é necessário esclarecer que a regulamentação do novo programa de transferência de renda não possui nenhum regra que define bloqueios ou cancelamentos para quem faz apostas online. Portanto, o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) não realiza cortes de beneficiários por este motivo em específico. Mas é necessário ficar atentos a outros aspectos negativos dessa situação. Apostas online e famílias vulneráveis do Bolsa Família É importante citar que o objetivo do programa de transferência de renda é repassar valores para ajudar famílias vulneráveis com as despesas básicas e essenciais, devolvendo para esses grupos familiares a dignidade de poder comprar alimentos quando for necessário e evitar a fome, bem como a capacidade de poderem pagar contas básicas, como energia, água e aluguel, por exemplo. Além disso, os valores pagos pelo Bolsa Família são baixos, e apesar do objetivo de ajudar em todos os aspectos citados acima, na realidade as quantias são insuficientes até mesmo para a alimentação das famílias durante todo o mês. Isso significa que ao retirar uma parte do benefício para as apostas, o beneficiário coloca em risco a existência e a manutenção de sua própria família, prejudicando os demais membros, que muitas vezes são crianças. Por conta disso, o recomendado é evitar a todo custo utilizar os recursos do programa social para os jogos, apesar das propagandas que afirmam que há grandes chances de vitória. Isso porque na grande maioria dos casos os jogadores perdem dinheiro, afinal, se ganhassem sempre não haveria lucros para a empresa que oferta os jogos. Além disso, em 100% dos casos os recursos utilizados fazem falta para a família, com ou sem vitória. Cabe também ao governo federal regulamentar esses tipos de jogos que existem no país desde 2018, além de criar regras claras e firmes a respeito de propagandas na televisão e principalmente redes sociais, onde influenciadores prometem ganhos fáceis, situação que tem alto poder de persuasão principalmente entre as camadas mais pobres da sociedade, que atualmente são as que mais gastam, pois apostam na esperança de uma vida melhor que quase nunca chega.