Na noite desta segunda-feira (29), Cuiabá foi palco de uma cerimônia carregada de emoção, representatividade e identidade: a 4.ª edição do Prêmio Jejé de Oyá – Território celebrou vozes negras que constroem histórias de protagonismo no estado de Mato Grosso.
Um evento de significado simbólico
Pela primeira vez, o evento foi realizado no Teatro Universitário da UFMT, em alusão à ideia de transformar espaços de estudo e cultura em territórios de pertencimento do povo negro. O tema escolhido para esta edição, “Território”, buscou aproximar as lutas e narrativas locais das tradições e saberes africanos, ressaltando que os espaços físicos e simbólicos ocupados pelo povo negro são fundamentais para a construção de identidades e resistências.
Além da premiação em categorias artísticas, culturais, educacionais e sociais, a noite também realizou homenagens especiais a territórios do estado e manifestações tradicionais afrodescendentes, reafirmando a importância de preservar a memória e visibilizar trajetórias coletivas.
Destaques da premiação
Embora a cobertura ainda seja parcial, algumas das personalidades premiadas já foram divulgadas:
-
A chef quilombola Deni Correa, da Chapada dos Guimarães, figura entre as homenageadas da categoria Alimentação e Gastronomia.
-
Também estão no rol de premiados nomes como a professora universitária Carolina Joana da Silva, o jornalista Kleber Lima, o rapper e youtuber Micos Brown, a cantora Gê Lacerda, a técnica de ginástica artística Flávia Zelinda, e a escritora Edilene Rodriguez.
-
Homenagens especiais foram anunciadas para o professor Ivo Gregório de Campos, a delegada Nubya Beatriz Gomes Reis e às manifestações culturais Dança do Chorado e Dança do Congo, de Vila Bela da Santíssima Trindade.
Segundo Jeferson Bertoloti, idealizador do prêmio e ligado à Bemtivi Academia de Arte, o Jejé de Oyá de 2025 é mais do que uma cerimônia de reconhecimento:
“O prêmio não é só uma homenagem, é um grito de resistência. Ocupar os espaços de arte, de cultura e de poder é dizer que estamos aqui, que temos voz e que sempre existimos.”
Reflexões e impacto
O Prêmio Jejé de Oyá já consolidou-se como um dos principais espaços de visibilidade, valorização e reflexão da cultura negra e dos movimentos identitários em Mato Grosso. A escolha do tema “Território” sinaliza uma nova etapa: não basta homenagear sujeitos, é necessário articular discursos que conectem história, ancestralidade e ocupação legítima dos espaços sociais.
A realização da cerimônia em solo universitário reforça a noção de que a luta negra também é intelectual, simbólica e territorial e que, em ambientes de ensino e pesquisa, podem florescer novos diálogos sobre racismo, reparação, memória e futuro.