Ana Carolina Guerra da Redação
O futuro de cerca de 2,5 mil famílias que vivem no Contorno Leste, em Cuiabá, segue em aberto. Após decisão judicial que determinou a desocupação voluntária das áreas até 27 de outubro, o tema ganhou protagonismo na agenda política, mobilizando lideranças municipais, estaduais e federais em busca de recursos para viabilizar a desapropriação dos terrenos ocupados desde 2022.
O deputado estadual Wilson Santos (PSD), que preside a Câmara Setorial Temática da Moradia Popular, anunciou a articulação de aproximadamente R$ 30 milhões em emendas parlamentares para a aquisição das áreas localizadas nos bairros Itacarambi, João Pinto e Raiz Petróleo. Entre os valores, destacam-se os R$ 18 milhões prometidos pelo senador licenciado e ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD), além de recursos já assegurados por outros parlamentares, como o senador Wellington Fagundes (PL), vereadores Marcrean Santos (PP) e Dra. Mara (Podemos).
“Quem visita o local percebe que já se tornou um grande bairro, com casas construídas e outras em fase de construção. Precisamos de alternativas para não deixar essas famílias sem moradia”, afirmou Wilson, ao reforçar que já havia destinado R$ 3 milhões em emendas de sua autoria. O deputado ainda sugeriu o nome Jardim Pastor Sebastião, em homenagem ao avô do prefeito Abílio Brunini (PL), para batizar o futuro loteamento.
Do outro lado, a Prefeitura de Cuiabá insiste no projeto Lotes Urbanizados, de caráter exclusivamente municipal. A proposta prevê a doação de terrenos de 10×20 metros, já regularizados, para que as famílias construam suas casas em até quatro anos, aproveitando cadastros já existentes no programa “Casa Cuiabana”. Segundo o prefeito, o município negocia com o Poder Judiciário a aplicação do projeto, que poderia incluir parte dos moradores do Contorno Leste.
A polêmica se acentuou após levantamento da Secretaria de Estado de Assistência Social e Cidadania (Setasc), que identificou apenas 172 famílias com perfil de vulnerabilidade, cerca de 6% do total de moradores do Contorno Leste. O resultado provocou protestos em frente à Prefeitura em junho e novamente em setembro, quando os ocupantes acusaram a gestão municipal de deixá-los sem alternativas.
Em meio às manifestações, Abílio acusou parlamentares de utilizarem a situação com fins eleitorais. Segundo ele, lideranças como Carlos Fávaro, Rosa Neide, Valdir Barranco e Wilson Santos estariam enganando as famílias do Contorno Leste em busca de votos nas eleições do próximo ano.
Apesar das divergências políticas, o consenso entre lideranças é que a situação exige solução urgente, já que a decisão judicial que determinou a reintegração de posse foi confirmada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Enquanto a Prefeitura promete apoio social, com aluguel assistencial e realocação para novas áreas, Wilson Santos aposta na mobilização política e jurídica para garantir a permanência das famílias.
“Não há sentença definitiva, apenas uma liminar de primeira instância. Continuamos acreditando que a decisão pode ser revista, e que os ocupantes poderão ter uma boa notícia”, finalizou o deputado.