Ana Carolina Guerra da Redação
José “Pepe” Mujica faleceu nesta terça-feira (13), aos 89 anos. Ex-guerrilheiro, militante de esquerda e presidente do Uruguai entre 2010 e 2015, Mujica teve uma trajetória marcada por resistência, prisões, tortura e luta contra a ditadura militar.
A notícia de sua morte foi confirmada pelo atual presidente do Uruguai, Yamandú Orsi, considerado um dos herdeiros políticos de Mujica.
Em abril de 2024, Mujica revelou estar com um tumor no esôfago, já em estágio avançado. Em janeiro deste ano, afirmou que a doença havia se espalhado. Na segunda-feira (12), sua esposa, a ex-vice-presidente Lucía Topolansky, informou que ele se encontrava em estado terminal e recebia cuidados paliativos.
Nascido em Montevidéu, em 20 de maio de 1935, Mujica integrou o Movimento de Libertação Nacional – Tupamaros nos anos 1960, grupo guerrilheiro que ganhou notoriedade por ações como assaltos a bancos e distribuição de comida e dinheiro aos mais pobres, antes da instalação da ditadura em 1973.
Durante sua atuação clandestina, foi baleado quatro vezes em confrontos com a polícia, escapou da prisão duas vezes e acabou capturado em 1972. Ao todo, passou 14 anos preso, período em que sofreu severas torturas. Foi libertado em 1985, com a anistia política.
Após deixar a prisão, ingressou na política institucional. Ajudou a fundar o Movimento de Participação Popular (MPP), foi eleito deputado em 1994 e senador em 1999. Em 2005, com a eleição de Tabaré Vázquez, assumiu o Ministério da Agricultura.
Em 2010, foi eleito presidente da República, cargo que ocupou até 2015. Mujica tornou-se símbolo da esquerda sul-americana e ficou conhecido internacionalmente por seu estilo de vida simples: morava em um sítio nos arredores de Montevidéu e dirigia um Fusca 1987 até a sede do governo.